Fotos: Arquivo Ilê Orixá / Toque em homenagem Xangô Aloxé / 19 set 2009 / Grande Axé

Hoje, dia 9 de setembro Ogum Adioko faz 17 anos de feitura, e em 17 anos de Ogum Adioko, muitas vezes fico a pensar como o tempo nos faz refletir, como o tempo nos faz relembrar e reviver. Lembranças, conhecimentos, histórias que foram vividas, instantes que não voltam, mas nos fazem ser quem somos.

De tantas lembranças deixadas no tempo, desde o assentamento e Ogum Adioko, algumas criaram marcas que transparecem nosso comportamento, nossas atitudes frente ao sagrado e também tudo o que fazemos, pois as marcas são os aprendizados deixados pelo tempo.

Nesse tempo, que para alguns pode parecer pouco tive contato com muitos antigos de nossa religião, muitos que se foram e nos abençoam em outro plano, todos de alguma forma contribuíram para o que sou e o que aprendi.

Fui iniciado em 2005 por Pai Sérgio de Xangô Aloxé, que me chamava sempre de filho, de príncipe e de tantos outros adjetivos que gostava de usar, foram 6 anos de iniciação vividos intensamente todas as semanas de sexta até domingo, sem contar as inúmeras festas fora do axé, sem contar os inúmeros dias que sempre estive presente em compras, em muitas faxinas, em dias de chuva, de barro. Foram dias de plantar em todos os sentidos possíveis de se entender, centenas de mudas, dezenas de obrigações que com Pai Sérgio montei, dezenas de vezes que fiz o que pedia, pois eu era o filho.

Se hoje Ogum está em festa é porque acima de tudo sempre soube esperar, soube agradecer, soube sentar, aprender, sem pressa. Se Ogum está em festa é porque assim Xangô Aloxé quis, me conduziu e me orientou em todos estes anos, pois se assim não fosse nada teria. Xangô muitas vezes disse “meu filho, você tem uma missão”, nunca entendi enquanto ele aqui estava, e como filho nunca perguntei, pois não importava o que seria, pois sabia que se ele queria, eu iria fazer, pois a primeira coisa que aprendi na religião foi não questionar o pai, apenas seguir.

Em 17 anos de Adioko, as lembranças são muitas, nem todas tão boas, nem todas as lembranças precisam e devem ser lembradas, mas são sempre as marcas deixadas pelo tempo, marcas que moldaram e continuam sempre a moldar.

Mas uma coisa aprendi logo cedo na religião dos orixás, que nunca estou sozinho, que tudo posso se estiver ao lado de Xangô e Ogum e que hoje juntamente ao lado de Tofã, dirigimos e seguimos na frente da Fortaleza Ilê Orixá, com o axé herdado de Aloxé, pois somente uma raíz forte sustenta uma grande árvore. Apenas obrigado!