18 de Setembro, 2012

Oficina ensina sobre os principais axés

Por Pai Ronie de Ogum Adioko

O Ilê Orixá iniciou as 19 horas do dia 15 de setembro Ciclo de Oficinas, que pretende fazer com que todos os filhos do axé e interessados desenvolvam habilidades em cada uma das etapas que envolve a religião africana, a primeira oficina intitulada “Oficina de Axés” teve por objetivo ensinar os principais axés que são servidos a cada um dos Orixás do terreiro.

A Oficina teve como mediadores Pai Ronie de Ogum e Pai Alexandre de Oya, que primeiramente ensinaram os Orixás que são classificados como somente de epô (azeite de dendê), somente de mel e de epô e mel. Destacaram ser de extrema importância, para a feitura correta de um axé, conhecer isso, pois vai determinar a sua feitura correta.

Os participantes ficaram atentos a cada explicação a cada gesto e anotavam todas as informações recebidas, com muita atenção.

Pai Ronie colocou que dentro do Ilê Orixá, conforme aprendizado da nação Oyo-Jeje, os Orixás são distribuídos da seguinte forma:

Orixás de Epô

Bará Lodê, Ogum Avagã, Ogum Onira, Oya, Odé/Otim, Obá, Xapanã e Oxalá de Orumilaia

Orixás de mel e epô

Bará Agelú (mais mel), Bará Lanã, Xangô, Ossanha, Xangô de Ibeji

Orixás de mel

Oxum, Oxum de Ibeji, Iemanja, Oxalá

Foi salientado na Oficina que um axé deve ser preparado como se fosse para ser consumido por nós, com carinho, dedicação e respeito, pois os Orixás já se encontram ali no momento do preparo, e ele já sabe que é para ele. Fazer um axé com carinho e dedicação é um foma de amor ao Orixá e a religião africana, e determinante para mostrar nosso respeito.

A um Omorixá é importante conhecer corretamente a feitura dos axés de sua nação, de seu terreiro, não pode fazer o que outros terreiros ou nações fazem, por achar bonito, ou simplesmente por ter visto. Claro que isso não significa que eles estão errados ou que os nossos estejam errados, pois são feituras diferentes.

E todas as feituras devem ser respeitadas, pois todas são verdadeiras. Falamos de intolerância religiosa, e já paramos para pensar que somos intolerantes entre nós mesmos? Estas oficinas devem ser momentos além de aprendizado de reflexão.

A religião africana é baseada na oralidade, transmitida de uma pessoa para outra de um iniciado para outro, desta forma muita coisa se perdeu. Muito conhecimento deixou de ser transmitido, muitos axés não são mais praticados.

Fazer oficinas que busquem valorizar o conhecimento do terreiro, perpetuar o axé e multiplicar são de extrema valia, neste sentido fazem com que os axés, a história e a dinâmica do terreiro seja preservada e cultuada pelas gerações futuras

Além disso em uma sociedade da informação, a cada dia temos menos tempo para conversar, para deixar fluir o conhecimento transmitido pela oralidade, o que contribui para a perda de conhecimento, perda do fazer certo devido ao desconhecido. O conhecimento oral é passível de falhas, pois depende da correta interpretação e assimilação adequada do ouvinte.

Durante as atividades da oficina,  os participantes questionaram algumas dúvidas que prontamente foram sanadas.

Cada participante foi responsável pelo preparo de dois ou mais axés, que ao final do evento foram colocados no quarto de santo sob rezas dos Orixás correspondentes.

Pai Ronie de Ogum e Pai Alexandre agradecem a presença dos filhos do axé que estiveram presentes na atividade, participando, aprendendo e prestigiando as atividades do terreiro.