26 de Fevereiro, 2020

A Baobá e sua importância ancestral

Por Pai Ronie de Ogum Adioko

“o Baobá é a continuidade do elo ancestral africano, ainda que recriado em terras canárias. É ancestralidade em forma de árvore, mas não de uma árvore qualquer. O Baobá apresenta uma enorme imponência, advinda de suas características singulares e tão abundantes, em termos de água, alimentos, medicinas, artefatos, sombra, resistência, tamanho, longevidade e muitas outras. O Baobá faz o elo entre ancestralidade africana, natureza e cultura” (Machado, p. 258, 2016)

A árvore de Boobá é mais que apenas uma árvore, pois cada uma é única, é repleta de histórias, de aprendizados e muita cultura popular. Os grandes Baobás africanos foram testemunhas da escravidão, já que os escravos antes de forem escravizados faziam voltas em torno dos grandes baobás com a promessa de esquecerem toda a sua vida, e assim iniciarem um vida nova, e não retornarem (o que nunca ocorreu), deveriam fazer a volta no outro sentido, para que as memórias retornassem, por isso os Baobás também ficaram conhecidos como árvores do esquecimento.

Os Baobás foram testemunhas de todo sofrimento negro, as suas aflições e também os seus melhores sentimentos de bem estar, pois nas comunidades africanas é muito comum a população se reunir em baixo dos grandes Baobás para fazerem rodas de conversa, brincadeiras e tantas outras atividades realizadas.

Reverenciar os Baobás é reviver a história africana, é relembrar nossas ancestralidade negra e também valorizar todo conhecimento dos que antes de nós estiveram, assim os Baobás são ancestrais vivos, quenos fazem lembrar o passado em nosso presente.

Nas fotos abaixo visitação no Baobá do Poeta, localizado na cidade de Natal, para alguns a árvore que teria inspirado o escritor Antoine de Saint-Exupéry, a escrever o livro o Pequeno Príncipe, a árvore está localizada em uma avenida movimentada na capital potiguar, possui aproximadamente 19 metros de altura e 6 metros de diâmetro.

Ao visitar o local a energia sentida é única, sente-se a presença viva de ancestrais, de homens negros que sofreram ao chegar, para viverem aqui e se para pensar em todas as memórias que o antigo Baobá carrega consigo.

Fonte:

Machado, Sara Abreu da Mata. Baobá na encruzilhada : ancestralidade, Capoeira Angola e permacultura / Sara Abreu da Mata Machado. – 2016. 300 f. : il.