10 de Dezembro, 2015

Comunidade Ilê Orixá realiza saudação ao orixá Bará

Por Pai Ronie de Ogum Adioko
Èsù fi ire bò wá o.
Exu faça a nossa vida plena de coisas boas.

Pela primeira vez desde a fundação do Ilê Orixá em 2011, a realização da saudação ao Bará foi realizada com todos os integrantes da casa vestindo branco, devido a ser uma obrigação de Terminação. Já é tradição realização do chamado ao Bará na rua com presença dos filhos do axé e amigos que desejam partilhar deste momento de fé.

Nos cultos de nação no Rio Grande do Sul, o orixá Exú é chamado de Bará, forma reduzida de “Elegbara, senhor do corpo” (CAETANO, 2011, p. 70), um de seus atribuitos. Desta maneira é fácil perceber a importância para os cultos africanos, pois é o legítimo orixá que cuida de nosso corpo, é o responsável pela reprodução humana, pelo movimento. É bará que esquenta nosso sangue e nos permite estar vivos, quanto morremos nosso sangue esfria, e bará não mais está presente.

É um momento de extrema importância a saudação ao Orixá Bará pois nos é possível ter contato com este orixá diretamente em seus domínios, quem participa sabe da força e energia que é desprendida no momento. Momento de exaltar a fé, de agradecer a tudo que se conquistou e também de se fazer novos pedidos.

“Geralmente quando vou falar especialmente sobre o ancestral exu, utilizo a seguinte imagem: quando você envia uma carta para alguém, há um remetente e um destinatário. exu é o caminho imaginário entre estes dois, sem exu a carta nunca chegaria ao seu destino, mas é ele mesmo que nos faz andar, pular, saltar, ter êxito, vontade, alegria, falar, daí um de seus nomes: elegbara, senhor do corpo, corpo negro e negra, que dança, samba, ginga, é lugar de oração, mas é o tempo todo estigmatizado porque é negro. “Bara” significa corpo, caminhos. exu é tudo isso. sem esse princípio nada se concretiza. infelizmente algumas pessoas ainda concebem esses ancestrais como a personificação do mal” (CAETANO, 2011, p. 69)

Como se vê, na tradição africana, exu de forma nenhuma é a representação do mal, pois ele representa a transmissão do axé, a força que nos move, que constrói e que possibilita que todas as coisas sejam realizadas, saudar exu Bará então é respeitar e saudar a quem tudo devemos, pois nada é realizada sem seu consentimento, nada se faz sem Bará, pois ele é o princípio e o fim. De certa forma é o Orixá que mais vezes é reverenciado, pois sempre é chamado antes de se oferecer qualquer coisa a outro orixá.

REFERÊNCIA

CAETANO, Vilson & SOUZA, Junior de. Na palma da minha mão. ilustrações de rodrigo siqueira. – salvador : edUFBa, 2011.