16 de Maio, 2023

Fazem 4 anos que Pai Sérgio nos deixou

Por Pai Ronie de Ogum Adioko

Foto: Arquivo Ilê Orixá / 10 Julho 2010

Morre todo aquele que depois de sua morte não existe ninguém para sentir saudade de você. Assim já nos alertava neste sentido um velho proverbio iorubá das antigas tradições africanas. […] Em suma a vida de cada um só teve sentido se quando for para ultima morada deixar saudades.

Ricardo V. Barradas

Há 4 anos, no dia 31 de maio, o batuque gaúcho perdia Pai Sérgio de Xangô Godô, um figura ímpar dentro da religiosidade africana gaúcha. Pai Sérgio de Xangô iniciou sua caminhada reigiosa na Umbanda e posteriormente foi para nação dos orixás, foi filho de Mãe Horacina de Oromilaia.

Com a saída da casa de Mãe Horacina, procurou seu amigo Pai Chiquinho de Oxalá, que foi seu babalorixá durante muitos anos e, responsável pela abertura do Ilê de Pai Sérgio em Morungava, onde realizava belas festas para seu pai Xangô.

Falar de Pai Sérgio é sempre desafiador, pois são muitas as facetas que ele se apresentava e, cada um possuia uma visão diferente dele, em dias de festa gostava de ostentar bastante para todos, a grandiosidade de sua festa e de sua casa, mas no dia a dia era a simplicidade a sua marca, em suas roupas e em tudo mais que o cercava.

Gostava de estar sempre muito bem vestido no sítio onde tinha o seu Ilê e também em Canoas, onde morava e realizava seus atendimentos ao público, sendo sempre muito vaidoso. Tinha personalidade forte, estava sempre pronto para discutir e brigar, mas também muito carinhoso com quem gostava, era os dois lados o tempo tempo, e quem convivia com ele sabia que uma linha tênue o separava entre extremos da vida.

No detalhe da foto, a sua esquerda um axé que ele me pediu para fazer, simplesmente após eu e ele descer próximo ao seu açude e encontrar as cascas de uma taquareira, ele ficou na ocasião comentou e ficou encantado com a beleza, pediu que eu servisse para Oya, mas que fosse junto de Xangô, assim era Pai Sérgio um misto de luxo e simplicidade que apenas os que conviveram com ele na sua vida diária podem dizer quem ele foi. Um filho de Xangô, dedicado ao sagrado, aos seus filhos e amigos, mas que muitas vezes deixava a ira tomar conta dele, a vaidade e também a soberba.

Tudo isso faz parte da história religiosa da Fortaleza Ilê Orixá, pois Pai Sérgio de Xangô Aloxé é uma raíz da casa, pilar fundamental na formação religiosa de Pai Ronie de Ogum e de Pai Alexandre de Oya, em tudo que se deve fazer e também o que não se deve, pois lá vivemos a religião de forma única, histórias da Fortaleza.