Ilê Orixá realiza oficina sobre hierarquia religiosa
Em evento realizado no último dia 22 de setembro, alguns filhos do axé participaram de uma oficina que discutiu a hierarquia religiosa dentro das casas de religião, a sua importância e também como se deve proceder dentro de cada terreiro de batuque. Foi um momento de reflexão e de aprendizagem para todos, pois todos nós aprendemos sempre juntos.
Pai Ronie iniciou a oficina falando que existe na religião uma hierarquia iniciática, de conhecimento, de axé que temos, que em muitos lugares é imposta, aqui no Ilê Orixá ela é conquistada. Nunca se pode impor respeito, e nunca se pode impor tempo de religião como instrumento de opressão. Tempo de religião nos trás responsabilidade, mas o conhecimento se adquire com a prática e responsabilidade.
Em uma hierarquia de um Ilê os orixás são os mais importantes, depois vem o Pai e a Mãe, depois os iniciados de acordo com o grau de iniciação de cada um.Mas isso de forma nenhuma coloca ninguém em condições de se se sentir superior, todos são iguais, em direitos e responsabilidades. De acordo com Pai Alexandre, o tempo de religião aumenta sempre a responsabilidade para aprender, para saber ensinar, para ser um exemplo a ser seguido, mas nunca para se impor. Quem tem mais tempo deve sempre ser o responsável por acolher os que entram, pois todos tivemos um início e todos sabe sempre da importância de ser bem recebido no axé. Como exemplo, aqui no Ilê Orixá a obrigação aos ancestrais é fechada somente para os filhos que possuem obrigação e 4 pé, mas isso não os torna mais importantes aos demais, mas com mais responsabilidade em ser um exemplo de respeito e de fazer o correto. de acordo com Pai Ronie, é sempre necessário respeitar a vontade do orixá, em todos os quesitos, ele sempre sabe o melhor para o filho, para a casa e para os demais que estão ligados de alguma forma ao axé.
No Ilê Orixá o respeito aos mais velho sempre deve ser prioridade, em cadeiras, atenção e conforto, pois isso é um dos pilares da religião, um dos pilares da casa, uma casa de batuque que não respeita os seus mais velhos também não respeita a sua história, não respeita os seus ancestrais, não respeita os orixás.
E o respeito sempre deve prevalecer acima de tudo, mesmo quando não estamos mais em um axé, o elo religioso sempre continuará, com a iniciação, o respeito de quem fez a obrigação, seja o babalorixá ou a yalorixá, o respeito com os irmãos, e com a própria casa que um dia acolheu. E ao aprender a hierarquia e o respeito nos desenvolvemos na religião, ninguém aprende apenas por querer saber, no Ilê Orixá para aprender é necessário sempre estar em sintonia correta, fazer o certo, se dedicar, para tudo existe um momento certo e adequado, claro que é necessário querer buscar o aprendizado, mas deve ser de alma pura, de forma inocente e sempre sem intenções ruins. Pai Ronie destaca ainda que é necessário sempre nos guiar pelo certo, olhar para que está fazendo correto e ter sempre gratidão e respeito por todos os irmãos de axé. Todas as casas possuem a sua forma fazer, e isso deve sempre ser respeitado.
Somente se aprende dentro do axé com respeito e merecimento, mas para isso é necessário fazer, para aprender tem que estar no momento que se faz, caso contrário não irá aprender nunca, e o aprendizado inicia quando se entra ao bater cabeça e também aos cumprimentar a todos que estão presentes.
É importante que todos reflitam sobre a sua conduta dentro do axé, para desta forma poder ver o que se faz dentro do axé, aprender a ser humilde, e não perder a humildade, que faz muitos se perderem na religião. Pai destacou a visita que teve a Salvador, no Ilê Opo Afonjá, onde as pessoas batem cabeça ao quarto de santo e a cadeira onde fica Mãe Stella de Oxóssi, como respeito a ela e ao seu orixá, pois mesmo sem ela estar ali todos sabem que o espaço é dela, o orixá sabe que é dela, de uma forma geral ao bater cabeça se respeita o orixá e os ancestrais, que moram no solo, que para nossa religião é sagrado. Mas a hierarquia deve existir por respeito, nunca por medo.
Estiveram presentes na oficina Zulamir de Oxum, Cleber de Ossanha, Adriano de Xangô, Alessandra de Iemanjá, Divina de Oxum, Rosa de Ogum, Adriana de Iansã, Letícia de Oya, Luana de Xapanã, Israel de Ogum, Antonio de Oya, Mariza de Oxum, Igor de Odé, Marcelo de Xangô, Laércio de Xapanã, as crianças Franciele de Oya, Joaquim, João de Xangô e Thiago.
Pai Ronie de Ogum e Pai Alexandre de Oya agradecem aos filhos que dedicaram horas para discussão e aprendizagem, mesmo após reunião anterior onde todos já estavam cansados, o que favorece o crescimento de todos. Religião é sempre dedicação, quando mais nos dedicamos mais aprendemos, e mais condições temos de evoluir no sagrado e também em nossa vida.