Plantio de orobô
Orógbó ní obì bàbá mi Sàngó (O orobo é o obi de meu pai Xangô)
Foi realizado no dia 01 de março, por Pai Ronie de Ogum Adioko, o plantio da muda de orobô (orogbo) na sede do Ilê Orixá, que desta maneira se firma como uma casa de tradição, culto e resgate da litúrgia afro, pois não se pode apenas fazer o que os antigos faziam, é necessário buscar o novo. No Rio Grande do Sul é necessário o uso de plantas tradicionais africanas, já que a maior parte sobre este conhecimento foi perdido e na sua tradição original africana isso é de uso cotidiano.
A muda de orobô foi adquirida na Feira de São Joaquim, em Salvador, este ano, em viagem juntamente com Pai Alexandre de Oya Tofã, juntamente com outras folhas sagradas de liturgia africana. Ter plantas sagradas em um terreiro é fazer com que o espaço fique mais sagrado, é fazer com que o orixá fique mais próximo, pois onde existe folha existe orixá, e não faltam mitos que nos contam sobre o seu uso junto ao culto aos orixás.
O orobô assim com o obi, o akoko e tantas outras não são plantas bahianas, são plantas africanas, perdidas na tradição do Rio Grande do Sul e utilizadas na Bahia e alguns estados brasileiros.
“Se queremos o orixá ao nosso lado, é necessário lembrar que é preciso plantar, cuidar da natureza, das águas e isso é cuidar dos orixás” (PEREIRA, 2015)
Na África o orobô é inteiramente consumido e, utilizado também como alimento. A sua árvore floresce e o seu fruto possui aparência que lembra a de um pêssego.
O uso do orobô está relacionado a comunicação entre os homens e os orixás, assim como a relação entre egun e os homens, é um fruto negro duro, e é comum a relação africana com a forma e estrutura de frutos e folhas, o uso do orobo está relacionado a saúde. Desta forma se diz:
láko-láko la úm bá orógabó, lódindi, lódindi, la úm bá orógbó
(Orogbo tem uma natureza forte, sempre. Está sempre inteiro)
Conhecer efetivamente uma planta, forma de plantio, características e principais usos com certeza vai fazer com que tenha-se melhores condições de agir de forma correta quando necessário, saber utilizar as plantas nos ritos é conhecer não somente mais um axé mas uma poderosa forma de se comunicar com o sagrado. Para a tradição yoruba toda planta é detentora de axé e pode ser utilizada como remédio, se não funciona é porque está sendo utilizado de forma errada, ou ainda porque não é a planta adequada para aquele fim.
REFERÊNCIAS
PEREIRA, Ronie Ánderson Pereira. Ilê orixá: uma breve explicação sobre o culto aos orixás: batuque do Rio Grande do Sul : nação Oyo e Jeje (Pai Ronie de Ogum Adioko) , Florianópolis, SC : Bookess, 2015.