A concepção de família dentro de uma casa de santo
Esta oficina ocorreu no dia 11 de agosto de 2017, as 22 horas, na sede do Ilê Orixá, no salão dos orixás, Pai Ronie de Ogum Adioko iniciou a oficina realizando a leitura de seu último texto “Ubuntu – uma postura adequada”, e logo após se abriu para discussão, foi lembrado por Pai Alexandre de Oya de Tofã, que se faz religião todos os dias, em todos os lugares, não somente dentro de uma casa de religião, foi lembrado por Pai Ronie que a base de nossa religião é a família, no sentido de união, devemos sempre fazer que todos estejam bem, a nossa religião teoricamente é mais unida, inclusive quando se morre, pois existe a despedida de todos pelo irmão. Para o africano não trocamos de família, pois a família é para sempre, e como família precisamos cumprir este papel de fazer todos crescerem, querer ver todos bem. Não pode existir disputa dentro de uma família por nada.
Segundo Pai Alexandre é preciso levar para fora essa união, bem estar de família religiosa, foi destacado por Pai Ronie que tudo aquilo que acrescenta deve ser levado adiante, e o que não acrescenta não importa e não agrega a religião deve ser encerrado. Na religiao tradicional africana o casal quando se separa, o homem ainda é responsável por sua família, em toda a extensão dela, extensivo aos parentes da noiva, se não faz isso fica mal falado pela sua comunidade. No geral todos da família religiosa Ilê Orixá estão de parabéns, no sentido de união.
O orixá está sempre presentes e nossas atitudes é dizem sempre a verdade, não adianta eu falar algo e fazer outra coisa. É preciso entender a essência do nosso orixá. Pai Alexandre lembrou que rancor e mágoa não é de nenhum orixá. Quando estamos no caminho correto tudo se encaixa, agora quando tudo que fazemos dá errado devemos repensar nossas atitudes. Se vive a religião o tempo todo, não podemos fazer a divisão entre o social e a religião.
Pai Ronie lembrou que o orixá não fica mais forte ou mais fraco com o axé que se faz, é preciso ter fé nele, simplesmente isso. A fé é o que nos diferencia dos outros, pois ninguém é mais do que ninguém. Com a fé foatelecemos nossos laços de família e com o nosso próprio orixá, e quanto mais pessoas acredita no nosso orixá mais forte ele fica. Pai Alexandre disse que entre outras coisas o Ilê Orixá cresceu devido principalmente a fé que cada um possui no seu orixá.
Foi destacado por Pai Ronie que dentro de uma família religiosa todos são iguais, sabe que na maioria das casas muito se fala em diferenças e em tempo de religião, foi destacado que no Ilê Orixá todos sem exceção são iguais, não importam as obrigações e o tempo que possui dentro da casa, as boas ações e atitudes corretas é que diferenciam uns dos outros. Não adianta dizer que ama a casa, que ama todos, fazer axé para Oya/Iansã, se não deseja o bem de todos os irmãos, é perda de tempo. Não adianta pedir dinheiro e trabalho para Ogum ou Bará se deseja que seu irmão de axé não tenha, não adianta pedir paz a harmonia na sua família se não cumprimenta a todos se você se acha superior aos demais pelo tempo de religião. De nada adianta fazer axés e pedir o que quer na religião se as suas atitudes frente ao sagrado não condizem com o que você pede, é preciso mudar a essência, ser religioso é mais do que bater sineta, colocar um axó e pedir o que quer, é saber que deve-se todos dias tentar ser melhor.
Existe sim uma hierarquia em questão de respeito, mas respeito não se impõe, se conquista, sempre com atitudes corretas com todos os irmãos, com os mais velhos e também com o sagrado. Participaram desta oficina os filhos do axé: Zulmir de Oxum, Ivone de Iemanjá, Ana de Orumilaia, Anderson de Xangô, Alisson de Oxalá, Antônio de Oya, Letícia de Iansã, Laércio de Xapanã, Franciele de Oya, Volnei de Ogum, Vanize de Odé, Adriana de Iansã, Antônio de Ogum, Adriano de Xangô, Marcelo de Xangô, Divina de Oxum, Cleber de Ossanha, Cristiano de Odé, Mariza de Oxum, Cátia de Iansã, Diego de Oxalá, Rosa de Ogum, Mãe Fabiana de Oxum, Mãe Alessandra de Iemanjá, Mãe Fernanda de Xangô, Mãe Júlia de Oya, João de Xangô, Andrei de Orumilaia, além de Pai Alexandre de Oya e Pai Ronie de Ogum. Que todos os presentes levem o axé de união a casa de cada um. Axé!