A dança na roda
“As festividades sociais obviamente não são as únicas ocasiões para essas danças; elas também são realizadas em ocasiões não específicas para realização puramente estética ou como expressão do bem-estar geral. No final de um dia de trabalho, por exemplo, amigos ou parentes se reúnem para relaxar, ou como eles dizem mú fàáji — ‘relaxe’. Nessas noites de fàáji, as apresentações de dança são destacadas ao lado de concursos de contar histórias e enigmas, jogos, cantos de poesia ou simplesmente compartilhar histórias. Ocasionalmente, também, uma forma de dança popular pode encontrar espaço para apresentação no final de uma cerimônia simbólica bem-sucedida, quando a inclusão de uma forma diferente, tematicamente e conceitualmente, não é mais uma distração dos objetivos desejados da cerimônia. Nessas ocasiões, as danças recreativas produzem um efeito catártico após a tensão do simbolismo significativo do evento”.
Omofolabo Soyinka Ajayi
Fotos: Tiago Cechinel /Ijexá
Tudo na cultura iorubá nos remete a dança, quando se nasce, quando se resolve realizar uma comemoração, em uma data importante e também em comemorações religiosas, a dança sempre está presente para celebrar acontecimentos.
E no batuque isso não é diferente, é através da dança que dentro da festa religiosa reverenciamos nossos orixás, e é onde os orixás contam seu mito, contam a sua história, e foi com muita energia que todos dançaram aos orixás na noite do último dia 24 de outubro para reverenciar os orixás, em ocasião de comemoração dos 15 anos de Ogum Adioko e obrigação de filhos.
Para Kinium (2020) “dançar é africano, […] dançar não é profano é sagrado” e só consegue compreender isso quem possui a sua alma negra, pois ao ser colonizado o povo negro perdeu muitas de suas memórias, perdeu suas raízes. Antes de mais nada cultuar uma religião africana é conseguir compreender que a dança faz parte do culto ao sagrado, que dançar é se comunicar com as divindades e é assim que devemos estar em uma roda de batuque ao dançar, apenas conectados com nossas divindades, e procurando esquecer o que nos separa de nossa ancestralidade negra, que todos nós possuímos ao cultuar uma religião negra.
Que o axé de nossos ancestrais, de nossos orixás e também de nossa essência esteja sempre presente nos abençoando e nos fazendo a cada dia mais fortes.
Referência
Ogunmide Kiniun. Cultura Yorùbá e Dança (Porque dançar faz bem). Apud Omofolabo Soyinka Ajayi. Disponível por https://ogunmidekiniun.medium.com/cultura-yor%C3%B9b%C3%A1-e-dan%C3%A7a-porque-dan%C3%A7ar-faz-bem-b16d894b496