Carinho e fartura decoraram o quarto de santo
O mais importante ao decorar um quarto de santo com certeza é o carinho dedicado aos orixás em cada gesto, em cada doce, ou em cada flor. Cada um dos detalhes conta uma parte da história, traz consigo uma lembrança e a força do axé de quem fez, pois na tradição africana tudo é dotado de axé, tudo é dotado de força, que constrói, que edifica, que sustenta.
Especialmente nesta obrigação não foram somente flores e doces colocados dentro do quarto de santo também mudas palmeiras. Duas na entrada do quarto de santo e uma delas dentro. A palmeira possui uma grande simbologia para o culto africano, especialmente no culto ao orixá Ogum, pois representa a folha de mariwo que Ogum se veste, ao desfiar a folha do dendezeiro. Cobrir os espaços sagrados com folhas de palmeira é antes de tudo cobrir o espaço com o axé de Ogum, que fica não somente representado na decoração, mas está materializado aos que com coração limpo e respeito o conseguem ver.
Todos os doces que ficam na decoração são distribuídos durante a festa, aos orixás que se manifestam. Levar um doce, uma flor ou qualquer outra coisa que recebemos em um axé é ter o privilégio de levar junto uma parte do axé do orixá que distribuiu o seu axé, por outro lado ignorar um doce recebido, uma folha, ou uma flor, é desprezar um axé, por isso se não gostamos de um doce, devemos dar de presente a quem gosta, a quem precisa e principalmente aos que buscam o axé do orixá e não somente o valor doce, pois muitas vezes no axé mais simples é que conseguimos encontrar a verdade, encontrar a força que precisamos para seguir em frente.
Como axé não se desperdiça, mas se cultiva, todas as mudas de palmeiras que foram utilizadas na decoração foram logo após o batuque plantadas no espaço físico do Ilê, plantando desta maneira o axé de Ogum e dos filhos que juntos ajudaram a trazer as mudas. Plantar um axé é fazer com que ele cresça. Que o axé de todos os orixás seja para trazer crescimento espiritual para todos. Axé