Dendezeiro Plantado no Ilê Orixá
Ogún ko l’aso, màrìwò l’aso ogún o!
(Ogum não tem roupa, màrìwò é a roupa de Ogum)
No dia 7 de agosto, o Ilê Orixá, plantou muda de dendezeiro, que o Prof. Jayro Pereira de Jesus, trouxe de Belém do Pará, juntamente com a muda de akoko, que também foi plantada no terreiro, recebida de Mameto Nangetu, do Instituto Nangetu, no dia 22 de maio de 2015.
O dendezeiro é uma planta sagrada dentro da cultura yorubá, segundo alguns mitos foi a primeira planta a ser plantada no aye. O dendezeiro é todo utilizado, nada é desperdiçado, suas folhas desfiadas são utilizadas para Ogum, e de seus frutos se extrai o óleo avermelhado que se utiliza nos rituais religiosos, e na África, em alguns cultos para Oxalá se produz um óleo branco, especialmente produzido para estes fins.
Antes de ser plantada no solo a muda de dendezeiro ficou no quarto de santo, para somente após ser plantada no solo definitivo, ao lado da casa de Bará Lodê e Ogum Avagã.
São muitas as relações entre os Orixás e o dendezeiro, segundo Santos (2008, 77p.) “foi com o òpásóró que ele [Oxalá] furou o igi-òpe – a palmeira – e bebeu a sua seiva. Foi essa ação, violação de uma das suas proibições mais graves, que o deixou sem forças, impotente. O mit
o diz que foi ‘como se ele bebesse seu próprio sangue’, indicando assim que Obàtálà é parente consanguíneo da palmeira”. Para alguns babalorixás antigos, verdadeiramente Oxalá prefere azeite de dendê, mas não pode consumir, devido ao mito.
Santos (2008, p.92-93) coloca muito bem a relação de Ogum com o dendezeiro “as vezes seu ‘assento’ [Ogum] é plantado ao pé de um igi-òpe, cujos troncos simbolizam a matéria individualizada dos òrìsà-funfun, e particularmente de Òsàlá. Vimos que as folhas brotadas sobre os ramos os troncos simbolizam descendentes. As palmas recém-nascidas do igi-òpe, chamados màrìwò constituem a representação mais importante de Ògun”.Lopes (2005, p. 116) destaca que “Ogum banhou-se em um rio próximo, trocou as vestes de pele, por um saiote de folhas de dendezeiro, mudou-se de Ifé para um lugar chamado Irê”.
No batuque do Rio Grande do Sul o óleo do dendezeiro está presente nos mais diversos axés para os Orixás, não tendo-se condições de se pensar um terreiro sem o seu uso diário de da liturgia, o dendê é citado por Santos (2008, p. 41) um tipo de axé, de sangue vermelho originado do reino vegetal.
REFERÊNCIAS
LOPES, Nei. Kitábu: o livro do saber e do espírito negro-africanos. Rio de Janeiro: Editora Senac Rio, 2005.
SANTOS, Juana Elbein dos. Os Nàgô e a morte: Pàde, Àsèsè e o culto Égun na Bahia; ttraduzido pela Universidade Federal da Bahia. 13. ed. – Petrópolis, Vozes, 2008.