15 de Março, 2017

Ilê orixá faz oficina para discutir sobre padrinhos e madrinhas

Por Pai Ronie de Ogum Adioko

A noite do dia 3 de março foi de aprendizado na sede do Ilê Orixá, momento de conversar sobre a função dos padrinhos e madrinhas e a influência que estes apresentam na vida religiosa de cada um, estiveram presentes alguns filhos do axé, juntamente com Pai Alexandre de Oya, Pai Ronie de Ogum e Mãe Fernanda de Xangô.

Trazer sempre uma temática atual e necessária para o desenvolvimento e aperfeiçoamento dos membros do axé é uma preocupação constante da casa, pois a maior parte do aprendizado sobre a tradição religiosa que se cultua deve sempre ser buscada em nossos locais de culto, não existe uma única verdade e também não podemos simplesmente dizer que na religião se faz assim porque sempre foi, é necessário aprender para poder constantemente evoluir, como cidadãos, como seres humanos que buscam no sagrado formas de ajudar.

Pai Ronie iniciou a oficina explicando a função do padrinho na religião, sendo essa função de ajudar a conduzir o afilhado na sua caminhada religiosa, não devendo ser escolhido por impulso de simpatia com a pessoa, devemos escolher sempre pelo orixá da pessoa, e não se deve mudar de padrinho por qualquer coisa. Foi destacado por Pai Alexandre que não existe necessidade da escolha do padrinho for realizada no momento que lavar a cabeça, pois o axé do padrinho é de grande importância.

Inicialmente foi destacado sobre a postura de padrinho, que deve sempre orientar o afilhado, mas de forma nenhuma pode se usar da autoridade para isso, deve sim ser o exemplo de conduta frente ao sagrado. Pai Ronie destacou que um padrinho ou madrinha deve ser ter uma obrigação igual ou superior a do afilhado, nunca menor, e que sempre levamos junto uma parte do axé recebido não somente pelo pai ou mãe, mas também pelo padrinho ou madrinha.

Pai Alexandre destacou que somente o ato de realização de uma obrigação é que de fato efetiva a função de padrinho ou madrinha, que enquanto isso não ocorrer não o é, mesmo que desta forma considere. Ninguém se torna padrinho ou madrinha na hora da escolha, mas no momento que ocorre o rito que efetivamente realiza a obrigação.

É grande a responsabilidade ao escolher um padrinho ou madrinha, por isso deve ser uma decisão tomada com cuidado, pois deve-se observar o axé que se deseja receber, não se pode escolher um amigo se não concordamos com a sua conduta frente ao sagrado, foi destacado por Pai Ronie que “nem sempre o nosso melhor amigo é nosso melhor padrinho”.

Pai Alexandre lembrou ainda que quando não temos padrinho quem amarra o pano de cabeça, em caso de padrinho de ori é o pai ou mãe de santo, mas que isso os não faz padrinho, já que ele não pode ser pai ou mãe e padrinho ou madrinha ao mesmo tempo, pois o axé deve ser somado.

Para encerrar a oficina Pai Ronie lembra da importância da fé dentro da religião e Pai Alexandre da necessidade de amar os orixás, e acima de tudo nosso próprio orixá, pois não podemos amar os outros orixás se não amamos o nosso próprio orixá.

Esta oficina teve por objetivo fazer com que os filhos do axé compreendam melhor a dinâmica qque existe na escolha do padrinho e/ou da madrinha, e que esta escolha não é apenas decorativa ou de pouca importância. Assim como qualquer rito que se realiza dentro do axé, este é mais de extrema importância para a vida religiosa de todos.

Pai Ronie de Ogum Onire Adioko e Pai Alexandre de Oya Niqué Tofã agradecem a todos os que dedicaram uma parte do seu tempo para dialogar sobre este importante tema para o desenvolvimento de todos dentro do terreiro e desejam que o axé de todos os orixás esteja sempre junto de cada um.