O quarto de santo
Ọ̀rọ̀ wèrè ló máa ńyàtọ̀, ti ọlọ́gbọ́n máa ńbá ara wọn mu ni.
É a opinião dos tolos que geram divergências; a dos sábios geram união.
O quarto de santo, também chamado em nagô de peji é o local onde ficam guardados os assentamento dos Orixás do axé. É onde todos devem primeiramente ir ao chegar em qualquer casa de religião. Pois é o local mais sagrado de cada terreiro, onde recebem as principais oferendas e objetos de culto. Deve ser o local de máximo respeito, mas não o único, pois os Orixás estão em toda a parte, em todo o local.
Em festas para os Orixás, é um local de grande importância na decoração e no carinho para determinar a melhor forma e a melhor posição de cada coisa que é colocada no local. É onde são pensados os adornos, os doces entre outros. Cada um sempre procura fazer o melhor para o seu Orixá, e no quarto de santo colocamos o nosso carinho e respeito aos Orixás.
O Ilê Orixá tem em Xangô Aloxé a sua origem, e os Orixás Xangô e Oxum como padrinhos da casa, por isso sempre a presença de um axé para Xangô a frente das vasilhas dos Orixás no quarto de santo. Isso se chama respeitar a Origem religiosa. É a base de nossa religiosidade.
Para cada festa decora-se de acordo com o Orixá festeiro, neste caso a homenagem era para Oya e Ogum, Orixás regentes do ano de 2015, pois já é tradição no Ilê Orixá homenagear no mês de dezembro os Orixás que estarão como regentes no ano seguinte.
Vale lembrar, que nossa casa de bacia Oyo e Jeje Oya é reprentada unicamente pela cor vermelha e Ogum, pela cor verde. Em outras nações Oya é representada por vermelho com branco e Ogum com verde e vermelho. Isso é a origem, é a feitura. Todos buscam a mesma essência, mas cultuam de forma diferente. Respeitar a origem é respeitar a raiz religiosa, é ter respeito por nossos ancestrais, por nossa bacia.
No Ilê Orixá sempre se faz a distribuição de muitas frutas e doces durante todas as festas. Religião é fartura e quanto mais distribuímos mais recebemos, pois o axé se potencializa, se move e desenvolve. Na religião africana sempre se recebe o que se doa, se doamos doçura recebemos doçura, se distribuímos fartura também receberemos fartura em nossas casas. Doar alegria é receber alegria.
O peji é o local onde cultuamos os Orixás em nossos Ilês, onde eles recebem seu culto, onde são adorados e onde os seus axés são servidos. É a forma que temos de se ligar ao sagrado. Não existe a necessidade de imagens na nação dos Orixás, mas os que gostam são livres para fazer isso, a adoração é ao Orixá, que é cultuado em sua vasilha, que fica no quarto de Santo de cada Ilê. O Orixá é a própria natureza, é a manifestação do sagrado para o homem poder ver.
Pai Alexandre agradece a todos os Orixás e em especial a Oya Tofã por mais uma obrigação religiosa encerrada com êxito, e que o axé deste dia seja estendido a todos os que buscam na religião africana uma forma de crescimento espiritual.