Orixá Iroko recebe a sua talha na Fortaleza Ilê Orixá

“a mais velha das árvores de Iroco, morava seu espírito. E o espírito de Iroco era capaz de muitas mágicas e magias. Iroco assombrava todo mundo, assim se divertia. À noite saía com uma tocha na mão, assustando os caçadores. Quando não tinha o que fazer, brincava com as pedras que guardava nos ocos de seu tronco. Fazia muitas mágicas, para o bem e para o mal. Todos temiam Iroco e seus poderes e quem o olhasse de frente enlouquecia até a morte”. (PRANDI, 2001)

Durante os dias que antecederam a colocação para a primeira talha para Iroko, Pai Alexandre teve alguns sonhos com o orixá Iroko, além de algumas visões, tendo recebido orientações a partir do jogo de búzios para que Iroko recebesse uma talha com água, orientações que Pai Ronie também recebeu de orixás e de jogo de búzios para seguir o rito, e então o rito foi feito, da mesma forma que todos os demais ritos dentro do axé, fechados ao axé, já que cabem somente ao axé.

Dentre tantas histórias se destaca da velha mulher negra, vista, fazendo buracos, desenterrando ocutás, em uma energia sagrada, tantas histórias que somente quem conhece a Fortaleza sabe. Histórias que a cada dia faz com que a Fortaleza seja única.

Outra história lembrada por Pai Alexandre é quando acordou assustado com a árvore que hoje habita Iroko, abriu seus braços e o abraçou, tantas histórias que contadas nos fazem reviver cada momento vivido, e que apenas fazem a cada dia ficar mais difícil entender o axé, histórias que somente os que vivem compreendem.

Na data do dia 3 de junho de 2017 foi colocado para o orixá Iroko então a primeira talha, que desde esta data cuida do axé da casa, juntamente com os demais orixás e ancestrais da Fortaleza.

O orixá Iroko tem seu culto relacionado na árvore sagrada, que na África também recebe o nome de Iroko, no Brasil a maioria dos locais de culto o faz na gameleira branca, embora em outras regiões são atribuídas outras árvores, pois o que importa não é árvore escolhida, pois é o orixá que escolhe a árvore e não nós que a escolhemos.

Na Fortaleza Ilê Orixá, a árvore escolhida por Iroko foi amoreira preta, mas de nada adianta sair plantando em cada cada casa de axé uma árvore, não adianta plantar amoreiras e dizer que são Irokos, como já foi dito é Iroko quem escolhe a sua morada, é Iroko o orixá árvore que escolhe sua moradia, e também quem irá cuidar dele.

 “em África, a sua morada é a árvore iroko, Milicia excelsa (antes classificada como Chlorophora excelsa), chamada “amoreira africana” na África de língua portuguesa. É uma árvore majestosa, encontrada da Serra Leoa à Tanzânia, que atinge 45 metros de altura e até 2,7 metros de diâmetro” (FUCESP, 2020)

E dessa forma hoje Iroko habita a amoreira frondosa, já plantada no axé antes mesmo da fundação da casa, onde Iroko escolheu como moradia, para ter o seu axé plantado e para dessa forma cuidar da Fortaleza Ilê Orixá. Iroko o orixá árvore que habita na árvore velha em um terreno velho hoje deu vida a velha árvore, que cresceu, com o axé.

Fonte:

PRANDI, R. Mitologia dos Orixás. São Paulo: Companhia das Letras, 2001

IROkO. Disponível por https://www.fucesp.com.br/iroko Acesso em 11 abr 2020